O magia de um olhar

Deparei-me ontem com uma situação deveras perigoso convidativa, desculpem estes termos tão rebuscados, mas são necessários senão importantes mesmo para vos dar a entender a real importância da dita situação.

Estava num dos meus habituais locais de lazer e descontracção, (explicando para todos os que não me conhecem, num simpático bar algures a partilhar uns momentos com um bom malte), quando vejo a passar para o edifício mesmo de frente alguém cuja silhueta não me é totalmente desconhecida, ainda não tive a hipótese de trocar quaisquer palavras com tais enlouquecedouras curvas, mas sim por já termos trocado alguns olhares e uns tantos sorrisos também, e todos sabemos que um olhar por vezes diz mais que mil palavras.

Mas regressando ao assunto em questão e não divagando mais, eis que a vi passar, e reparei que ela ao chegar à porta esgueirou um pouco do olhar disfarçadamente para esplanada, talvez procurando alguém em especial ou só ver quem lá estaria, e fixou-me por milésimas, se estava a pensar em me ir embora, rapidamente mudei de ideias e ali fiquei olhando para todas as janelas do edifício em questão, imaginando em que andar ela estaria e se haveria a probabilidade de até ali residir, e se viria por acaso à janela.

Por sorte a minha espera não foi das maiores, eis que nem 10 minutos volvidos, aparecem umas inconfundíveis curvas à varanda do 3º andar, e a mira do seu fulminante olhar estava colocada em mim, isto sem querer ser abusivamente convencido, ela devorou-me de ponta a ponta, como se me desejasse mais que tudo na vida.

Nesse momento comecei a fazer importantes cálculos desde como seria o chegar até lá a cima, até ao detalhe de como uma mulher deslumbrante como aquela não teria um qualquer companheiro, mas tudo isto em breves segundos, pois há coisas que não podem ser deixadas resfriar, tal como este momento. Ela continuava lá a mirar, como a ver se eu teria uma atitude condigna do já nosso habitual trocar da olhares, em que a devorava como se não houvesse outra no planeta.

Decidi-me e avancei em direcção à entrada do edifício, mas sempre na duvida, abrirá ela a porta, será que é verdadeiro e não bluff aquele olhar matador que ela me jogou!?


Como não tenho por habito duvidar dos meus instintos primários, continuei sem hesitar, e na ultima hipótese que tive de olhar para a sua varanda vejo que os estores já estavam descidos mas as curvas dela viam-se pelas frinchas dos mesmos devido à luz que estava por trás, momentâneamente senti que algo não estaria a correr como gostaria, mas continuei.

Quando chego junto à porta e de frente à câmara de vídeo porteiro eis que se acende a luz da mesma e a porta abre, sorri e subi, ao sair do elevador eis que a sua porta se encontrava aberta, um pouco à defesa e por não gostar de surpresas desagradáveis precavi-me, entrei com muita calma pois só havia uma pequena luz de presença e olhei bem tudo à volta, nisto oiço uma voz melodiosa e doce que me diz.

"Por favor não me faças perguntas e deixa as coisas acontecerem, por favor."

Senti que ela o desejava à muito e não queria estragar o momento com palavras desnecessárias e apresentações sem nexo, o que comandava aquele momento era única e exclusivamente o desejo.

Como cavalheiro que sou o resto não o poderei descrever pois estaria ir contra a minha conduta, mas posso vos assegurar que esta historia não ira acabar por aqui...

Fugitivo